Uso da memória e o combate a curva do esquecimento

Você acha que o esquecimento é algo ruim, indesejado? Gostaria de ter uma memória melhor? Para quem faz provas e concursos isso é perfeitamente compreensível, principalmente, se pensarmos nas diversas vezes em que ficamos frustrados por esquecermos alguma parte da matéria.

Estudos científicos comprovam que nosso cérebro grava informações de maneira temporária. Se lembrássemos de tudo que nos aconteceu, de tudo que lemos, ouvimos e vimos, nossa memória seria um emaranhado de conhecimentos. O acúmulo de toda essa quantidade de informações causaria grandes dificuldades ao se acessar determinadas informações, atrapalhando muito nossa atividade cognitiva. É como se nosso cérebro fosse um HD, conforme ele fica cheio, o acesso aos dados armazenados fica gradativamente mais lento. Para Schacter (1999), o fato de o sistema de memória esquecer gradualmente as informações é adaptativo, na medida em que a pessoa irá reter apenas as informações mais relevantes para agir sobre o meio. Sendo assim, o fato de esquecermos determinados eventos proporciona uma grande economia cognitiva.

A investigação empírica sistemática do processo de esquecimento se inicia a partir dos estudos pioneiros de Ebbinghaus, no final do século XIX. Ruiz-Vargas (1995) salienta que uma das contribuições mais conhecidas de Ebbinghaus é a curva de esquecimento. Esta descreve o quanto somos capazes de reter de informações recém adquiridas. Para se ter idéia, suponhamos que em determinado dia você assista a uma aula com duração de 1 hora, ao cabo de uma semana sua capacidade de lembrar-se do assunto não chega a ser 20% do original.

Outro grande problema em relação ao esquecimento foi estudado por Bartlett. Durante testes realizados com milhares de alunos, ele constatou que, quando estudamos determinado conteúdo, não realizamos nenhum exercício de fixação nem revisões periódicas e precisamos do conhecimento, seja para a realização de uma prova ou para um diálogo, os alunos traziam lembranças de informações que não estavam no conteúdo, mas que de alguma forma se encaixavam com o mesmo. Era como se a informação houvesse sido distorcida internamente. Mas como isso pode influenciar o concurseiro? Sabe aquela questão que você tinha certeza que estava certa, mas uma frase, que você tinha absoluta certeza que estava correta, tornava a questão errada? Nesse ponto que a curva do esquecimento pode afetar seu rendimento.

Como reverter os efeitos da curva do esquecimento?

O ideal é que para cada hora de estudo se faça pelo menos 10 minutos de revisão. De preferência às 24 horas subseqüentes – período em que as chances de esquecimento são maiores.

Considere fazer um bom resumo sobre o conteúdo estudado. Leia e releia várias vezes o texto e faça muitos exercícios. A criação de esquemas e estruturas mentais representacionais auxilia no processo de fixação do conhecimento. Existem alguns métodos que utilizam fotografias, figuras, músicas, pequenas histórias para facilitar o processo de recuperação dessas informações. É importante criar códigos e métodos para auxiliar no processo de fixação e não se esquecer de fatos e conhecimentos importantes, o uso desses recursos mnemônicos evitam que toda essa informação seja descartada posteriormente.

Ao acumular matérias, provavelmente o aluno dispensará muito mais tempo do que se tivesse simplesmente feito um bom calendário de revisões. Lembre-se que não se passa em concursos do dia para noite, requer tempo e disciplina.

Outra dica importante é fazer pequenos intervalos no período de estudos. Quando ficamos horas e horas estudamos podemos ficar irritados e desatentos com mais facilidade, o ideal é que se façam intervalos entre 10~15 minutos a cada 1h:30min de estudos. Dê uma andada, faça alongamentos. Ao contrário do que muitos pensam isso não quebrará o ritmo, nem causará dispersão.

Escolha um bom local de estudos. De preferência aos locais silenciosos e sem grande trafego de pessoas. Caso não haja disciplina, inúmeras vezes você se levantará da cadeira para ir à geladeira, beber água, falar ao telefone, brincar com o cachorro. Se você não dispuser de um ambiente assim onde você mora, por falta de espaço ou excesso de pessoas, aconselho que procure uma biblioteca, onde o ambiente é propício. Consulte na sua cidade as bibliotecas existentes ou procure uma escola próxima a sua casa.

Tenha bons materiais de estudo (livros, apostilas, anotações de sala de aula, resumos).

Bons estudos e até o próximo post.

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